segunda-feira, dezembro 1

ao som da voz

Ainda meio embriagada com o som daquela voz, ela escreveu o que à cabeça vinha, voltando os olhos só para ver se as palavras saiam ao menos ortograficamente corretas.
Andou pensando em escrever uma carta a ele e esta que escreveu também não enviará, como outras tantas palavras pensadas e também não ditas. é que ele a perturba! ele a entorpece! e médias e aulas à tarde e problemas e complicações e sermões e nada disso tudo faz aquela angústia, aquele tremor sumir quando ele aparece, quando o telefone toca e seu nome chamando... "tanta mansidão (gostosa em você) que não posso (comigo)! tanto desejo que não me concentro em nada mais além da sua voz, do seu som, dos seus olhos de pupilas grandes, do seu cabelo bagunçado pela manhã, suas palavras engraçadas e um tanto mentirosas que fazem o dia (e eu?) parecer menos pó menos pozinho". e o telefone tocar... como ela esperou hoje... quantas vezes olhou para ver se não tinha a tal chamada perdida como logo mais cedo. mas nada... até que alta tarde já se ia. e entre toda aquela agenda lotada de contatos, o número dela! e Laurinha não sabe demonstrar interesse! talvez ela devesse se fazer mais presente, talvez ela devesse deixar mais sinais soltos no ar, talvez ela devesse falar mais e não 'querer parecer durona'. mas tem tanta coisa nos bastidores das vontades (dela e dele, ainda acredita! e, depois de agorinha então, ainda mais - ou nem sabe).
Ele tem se feito sonhos, constantes. a ponto de Laurinha não conseguir se desvencilhar. a ponto de ela não conseguir se desfazer. a ponto de ela não conseguir fazer dessas imagens palavras racionalmente pensadas. Ele apenas tem se feito presente!, mesmo quando ausente por dias, mesmo quando nada de 'concreto' exista a não ser "nem eu te ligo, nem você me telefona" "seu mal é esse!" "nosso mal". É... há que se ter mais tardes sem relógio, há que se ter mais tempo dela e dele. há que se ter, mais vezes, ela e ele!
De pouca coisa se arrepende 'nessa longa estrada da vida'. umas palavras mal lançadas em vias de mão única, que se chocaram de frente com ações esdrúxulas. Mas esse moço faz parte da parte que poucos conhecem. faz parte de uma parte nova dela, desconhecida até poucos tempos. Ele faz parte de uma vontade involuntária, escondida, fadigada, bem aceita, bem resolvida. Apenas (e cada vez muito mais) querida (particípio e não adjetivo!).
Mais uma vez, Laurinha sente e dessa vez consegue pensar: "Sinto saudade de você!"

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