segunda-feira, agosto 9

Julia ou não?

Julia não era uma pessoa boa, embora soubesse muito bem disso Era farta, fadigada, cansada Era despreocupada e corria "Correr es mi destino", pensava em algumas horas mortas Tinha outro defeito: não sabia terminar: textos, pensamentos, cursos, pessoas Carregava um cemitério na cabeça, tanta era sua dificuldade em usar pontos finais
.
Julia era sentimentos, palavras escuras e verdades obsoletas. Julia sabia que não era bacana ou cool ou admirável. Julia se sabia inveja quando diante de muita felicidade alheia. Julia era canceriana (e por ser nascida no sétimo mês: Julia! Ah, as cargas que os nomes carregam...). Julia era clandestina e ilegal e passageira (e perene). Mas Julia era verdadeira e literária. E por esta última, acreditava como poucos em Caio F. Abreu, e aceitava, pois, sua condição "sub-humana": mas as coisas são porque têm que ser, não adianta nada a gente querer que sejam de outro jeito*.


* Caio Fernando Abreu.

Um comentário:

Bárbara Tamilin disse...

E assim todos temos um pouco de Julia em si mesmo? rs.